Na parte I da nossa série
sobre ansiedade (que pode ser conferida aqui), falamos um pouco sobre o que é e
como funcionam as reações físicas e psicológicas diante dos estímulos que a
desencadeiam. Hoje, vamos relacionar essas reações com uma palavra que acompanha
o cotidiano de muitos de nós: Stress**.
Discutimos como alguns
acontecimentos em nossa vida podem dar início às respostas fisiológicas e
psíquicas da ansiedade – palpitação, respiração ofegante, tensão muscular,
dilatação das pupilas, boca seca, insegurança, angústia, etc. Todos esses “sintomas”
são também comuns nas situações de stress. E esse tal stress, o que é?
Ele é, tal como a ansiedade,
uma reação do nosso corpo físico e aparelho psíquico diante de uma ameaça.
Chamamos os eventos potencialmente ameaçadores de agentes estressores; pode ser desde um risco físico “real”, como um
acidente de trânsito ou assalto, ou um evento psicológico, como a ameaça de
perder o emprego ou de término de um relacionamento afetivo. Usamos aqui a
palavra “real” entre aspas pois as ameaças ao nosso equilíbrio e bem estar psíquico
são tão reais, válidas e verdadeiras quanto os riscos à integridade física.
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| Cansaço, contas, saúde, trabalho, medo, preocupações, falta de sono | ... |
Vale lembrar que nosso corpo
foi preparado biologicamente para reagir diante das ameaças e, depois do perigo
superado, voltar ao estado de relaxamento anterior. O que acontece em nosso
modo de vida atual é que os riscos (nem sempre de dano físico) permanecem por
um longo período de tempo. Aqui, podemos incluir o trabalho sob pressão que nos
sobrecarrega, uma relação afetiva disfuncional cheia de ciúmes e/ou brigas, a
violência urbana e/ou no trânsito... Assim, estamos expostos aos efeitos dos
agentes estressores por mais tempo do que seria saudável. E daí, adoecemos.
O stress prolongado pode
atingir um patamar que chamamos de fase de exaustão, que é quando certas
doenças se instalam em nosso organismo: hipertensão arterial, gastrite/úlcera,
depressão, doenças cardiovasculares, compulsões. Estes são apenas alguns
exemplos do que pode nos acometer diante do stress crônico.
O que torna tudo isso ainda
mais perigoso é que temos tendência a não relacionar os sinais anteriores de
nosso organismo ao stress. Evidentemente, não atingimos a fase da exaustão
imediatamente, mas passamos antes pela fase aguda (que é quando somos inicialmente confrontados
com os agentes estressores, gerando as primeiras respostas de stress) e pela
fase de resistência, isto é, por aquela em que os sintomas (alterações no sono,
dores de cabeça e pelo corpo, dificuldade de concentração, instabilidade
emocional, etc.) começam a ficar mais perceptíveis; em geral, não atribuímos
tais alterações ao stress mas, caso você note que tem alguns desses sintomas,
vale a pena considerar a ação dos agentes estressores em sua vida.
Daí nos perguntamos: por que
alguns de nós somos mais afetados pelo stress que outros? Isso varia em função
de um sem número de fatores, desde a suscetibilidade biológica, resistência
psicológica, sensação de segurança e boa autoestima... isto nos levará ao tema
do nosso próximo texto: o que fazer para combater a ansiedade, o stress e a
angústia que acompanha a ambos?
Não perca a parte final da
nossa série!
** Utilizamos aqui a grafia da palavra inglesa, por ser mais difundida. A grafia em português, estresse, é igualmente válida e, por isso, a empregamos na expressão "agentes estressores". Discussões linguísticas à parte, o sentido geral do texto permanece o mesmo.

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