sábado, 2 de junho de 2012

Algumas palavras sobre ansiedade – Parte II


Na parte I da nossa série sobre ansiedade (que pode ser conferida aqui), falamos um pouco sobre o que é e como funcionam as reações físicas e psicológicas diante dos estímulos que a desencadeiam. Hoje, vamos relacionar essas reações com uma palavra que acompanha o cotidiano de muitos de nós: Stress**.

Discutimos como alguns acontecimentos em nossa vida podem dar início às respostas fisiológicas e psíquicas da ansiedade – palpitação, respiração ofegante, tensão muscular, dilatação das pupilas, boca seca, insegurança, angústia, etc. Todos esses “sintomas” são também comuns nas situações de stress. E esse tal stress, o que é?

Ele é, tal como a ansiedade, uma reação do nosso corpo físico e aparelho psíquico diante de uma ameaça. Chamamos os eventos potencialmente ameaçadores de agentes estressores; pode ser desde um risco físico “real”, como um acidente de trânsito ou assalto, ou um evento psicológico, como a ameaça de perder o emprego ou de término de um relacionamento afetivo. Usamos aqui a palavra “real” entre aspas pois as ameaças ao nosso equilíbrio e bem estar psíquico são tão reais, válidas e verdadeiras quanto os riscos à integridade física.

Cansaço, contas, saúde, trabalho, medo, preocupações, falta de sono

...
Vale lembrar que nosso corpo foi preparado biologicamente para reagir diante das ameaças e, depois do perigo superado, voltar ao estado de relaxamento anterior. O que acontece em nosso modo de vida atual é que os riscos (nem sempre de dano físico) permanecem por um longo período de tempo. Aqui, podemos incluir o trabalho sob pressão que nos sobrecarrega, uma relação afetiva disfuncional cheia de ciúmes e/ou brigas, a violência urbana e/ou no trânsito... Assim, estamos expostos aos efeitos dos agentes estressores por mais tempo do que seria saudável. E daí, adoecemos.

O stress prolongado pode atingir um patamar que chamamos de fase de exaustão, que é quando certas doenças se instalam em nosso organismo: hipertensão arterial, gastrite/úlcera, depressão, doenças cardiovasculares, compulsões. Estes são apenas alguns exemplos do que pode nos acometer diante do stress crônico.

O que torna tudo isso ainda mais perigoso é que temos tendência a não relacionar os sinais anteriores de nosso organismo ao stress. Evidentemente, não atingimos a fase da exaustão imediatamente, mas passamos antes pela fase aguda (que é quando somos inicialmente confrontados com os agentes estressores, gerando as primeiras respostas de stress) e pela fase de resistência, isto é, por aquela em que os sintomas (alterações no sono, dores de cabeça e pelo corpo, dificuldade de concentração, instabilidade emocional, etc.) começam a ficar mais perceptíveis; em geral, não atribuímos tais alterações ao stress mas, caso você note que tem alguns desses sintomas, vale a pena considerar a ação dos agentes estressores em sua vida.

Daí nos perguntamos: por que alguns de nós somos mais afetados pelo stress que outros? Isso varia em função de um sem número de fatores, desde a suscetibilidade biológica, resistência psicológica, sensação de segurança e boa autoestima... isto nos levará ao tema do nosso próximo texto: o que fazer para combater a ansiedade, o stress e a angústia que acompanha a ambos?

Não perca a parte final da nossa série!




** Utilizamos aqui a grafia da palavra inglesa, por ser mais difundida. A grafia em português, estresse, é igualmente válida e, por isso, a empregamos na expressão "agentes estressores". Discussões linguísticas à parte, o sentido geral do texto permanece o mesmo.

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