Nessa série de pequenos
textos, vamos falar um pouco sobre este tema que é parte integrante da vida da
maioria de nós: a ansiedade. Quem nunca sentiu aquela ansiedade que atrapalha
tudo, ou conhece alguém que passou por uma situação como a seguinte:
Alberto era um ótimo funcionário da empresa em que trabalhava; competente, tinha conhecimento sobre o que fazia, costumava até treinar os funcionários novos que eram contratados. Um belo dia, o chefe de Alberto pediu para que ele fizesse uma apresentação simples, para explicar aos funcionários de outras filiais como era que o departamento daquela unidade funcionava. Ninguém melhor que o Alberto para a tarefa, uma pessoa que conhecia a fundo o assunto.A apresentação foi preparada e, no dia, os colaboradores se reuniram no anfiteatro da unidade em que Alberto trabalhava para ouvir.Então, ele começou a se sentir ansioso, “nervoso” como se diz: seu coração batia muito acelerado, sua boca estava seca, suava frio. Na hora de falar, gaguejou, “deu um branco”, não conseguia lembrar-se de tudo que havia ensaiado, nem mesmo daquilo que costumava fazer todos os dias. Envergonhado, só queria sair correndo dali e sumir.
As reações de Alberto são
familiares a alguém aí?
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| Ansioso: e agora? |
Quase todo mundo já passou
por alguma situação de extrema ansiedade, seja uma apresentação na escola, na
faculdade, no trabalho, uma entrevista de emprego, um encontro com o novo paquera...
As possibilidades são muitas. E a ansiedade pode ser desencadeada por vários
acontecimentos (estímulos) diferentes.
A ansiedade é uma resposta
do nosso organismo frente a algum perigo. Evolutivamente, ela até ajudou nossa
espécie a sobreviver, pois as alterações físicas provocadas por ela preparam o
corpo para enfrentar melhor as ameaças que se apresentam, ou fugir delas. É o
que chamamos de resposta de luta ou
fuga. Vamos pensar em um dos nossos ancestrais primitivos caminhando pela
floresta, quando de repente ouve um barulho próximo. Caso perceba a fonte do
ruído como sendo algo perigoso, seu organismo vai sofrer uma série de
alterações: seus batimentos cardíacos aumentam, bombeando mais sangue para os
grandes músculos das pernas e braços, sua frequência respiratória aumenta para
obter mais oxigênio, suas glândulas sudoríparas produzem mais suor para
resfriar a superfície do corpo, suas pupilas dilatam... Caso seja um animal
selvagem, ele vai estar mais preparado para enfrentá-lo (quem sabe conseguindo
até levar o jantar para a caverna!) ou para fugir, caso o animal seja muito
grande para ser enfrentado.
Ora, aqueles que tinham
melhores condições de antecipar o perigo (para enfrentá-lo ou escapar dele) também
tinham maiores probabilidades de sobreviver à situação e passar seus genes
adiante. E ao longo do tempo, essas reações todas às ameaças foram repassadas
até chegar a nós.
A questão é que o modo de
vida do homem também se transformou, e os perigos a serem enfrentados já não se
tratam mais de animais selvagens na floresta. As ameaças à integridade enfrentadas
pelo homem moderno são mais sutis – ameaça de perder o emprego, de “dar vexame”,
passar vergonha, de tirar notas baixas, de “levar bronca” – mas os mecanismos
de reação ainda são os mesmos dos ancestrais. E com a sofisticação dos
processos mentais ocorridas ao longo da nossa evolução, aquelas reações físicas
são também acompanhadas por reações psíquicas: o medo de falhar, os pensamentos
de que tudo vai dar errado, de que todo mundo vai rir, de que vai esquecer o
que falar... Tudo isso gera muita angústia e sofrimento. Quem é ansioso, sabe.
Ansiedade é sempre ruim?
Vamos pensar: as reações de
ansiedade são parte do mecanismo que ajuda a antever um perigo, real ou
potencial, e preparar o corpo para enfrentá-lo. Então, se for preciso escapar de verdade, por exemplo, de um cão
raivoso solto pelas ruas, elas serão muito úteis! Foram bastante úteis para
ajudar os já mencionados homens primitivos a sobreviver no ambiente perigoso
onde se encontravam, inclusive.
O grande problema da
ansiedade é quando nossos pensamentos entram no “piloto automático” e começam a
antever cenários catastróficos, mesmo para as situações mais simples. O corpo
se prepara para um perigo muito maior do que o real (pois as ameaças
imaginárias não têm nenhum compromisso de ser coerentes com a realidade!), e a
angústia proveniente acaba atrapalhando mesmo o desempenho em qualquer tarefa.
Então, como lidar com essa
situação? E o que tem tudo isso a ver com o stress?
Essas são as questões que
abordaremos nos textos seguintes. Aguardem!
#Update: a Parte II pode ser vista neste link aqui
#Update: a Parte II pode ser vista neste link aqui

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